O que falta para o mercado de trabalho incluir pessoas autistas?

A ciência da inclusão #10 - Coluna de Felipe Emílio Gruetzmacher

O que falta para o mercado de trabalho incluir pessoas autistas?

Garantir a acessibilidade e a equidade no mercado de trabalho causa um impacto muito positivo para as pessoas com deficiência. Nesse sentido, este cenário requer adaptações e adequações específicas para receber pessoas autistas.

Uma das quebras de barreiras que deve acontecer é desfazer um mito muito persistente na mentalidade de algumas empresas. De acordo com o “Pequeno Guia para a inclusão de autistas no mercado de trabalho para organizações”, muitas pessoas acreditam erroneamente que pessoas autistas precisam sempre trabalhar em locais específicos. Eu sou um dos autores dessa cartilha, juntamente com Mariana Moreira Andrade e Ghael Henrique Leite.

Nós, os autores, desfazemos esse equívoco. Segundo nossa pesquisa presente na guia, é um erro acreditar que pessoas autistas apenas podem trabalhar em locais específicos. Pessoas autistas podem ter sucesso em uma variedade de ambientes de trabalho, desde que haja acessibilidade (universal e individualizada).

É imprescindível oferecer oportunidades e suporte adequado para que a pessoa alcance todo o potencial profissional dela.

Assim, há o termo hiperfoco: pessoas autistas podem focar intensamente em assuntos de interesses deles. O hiperfoco pode variar desde personagens de ficção até temas de natureza técnica.

Até mesmo existem casos de pessoas autistas com altas habilidades associadas com hiperfocos delas. Mesmo nesse caso, as organizações não devem explorar a pessoa autista, exigindo demandas excessivas e pressão. Habilidades devem ser valorizadas e nunca exploradas.

A partir desses insights e dessa problemática apresentada, cabe a pergunta: o que um homem autista com hiperfoco em trabalho pensa a respeito da nossa sociedade centrada em trabalho?

A magia da ficção científica como conexão entre inclusão e literatura

Eu, Felipe Emílio Gruetzmacher, escrevi um livro intitulado “O Relato de um Ciborgue” que tece críticas contundentes contra o excessivo trabalho em nossa sociedade.

Esse amor doentio por resultado a qualquer custo deve ser problematizado!

Cada capítulo é uma história independente, com começo, meio e fim. Apesar disso, todas as histórias vão girar em torno de um mesmo tema: uma tecnologia futurista que elimina a necessidade de dormir e descansar. Essa premissa abre espaço para pensar a nossa relação com o descanso e a nossa dedicação ao trabalho. Por conta disso, a premissa conversa diretamente com a aceitação e a inclusão de pessoas autistas no mercado, por exemplo.

O que me inspira a escrever sobre o tema é o fato de ser uma pessoa autista e fazer terapia. Em cada momento terapêutico, tive a oportunidade de lidar com questões relacionadas com o meu hiperfoco em trabalhar.

Repensar minha atitude em relação à profissão e às oportunidades para pessoas autistas no mercado me motivaram a escrever o livro. Quero causar um poderoso impacto no mundo com minha literatura.

Qual é a premissa do livro?

O meu livro “O Relato de um Ciborgue” traz breves contos de ficção científica sobre pessoas que não precisam mais dormir ou descansar. Elas usam uma sofisticada tecnologia para estar sempre em estado de alerta. Dessa forma, num mundo onde o sono se tornou coisa do passado, toda a rotina das pessoas é dedicada ao trabalho e à superação. 

Com essas histórias de ficção científica, planejo entregar uma reflexão crítica sobre o excesso de trabalho em nossa sociedade.

Essa crítica mais geral engloba uma variedade de assuntos como minha vida como pessoa autista, talento, propósito profissional, inclusão no mercado de trabalho, terapia, igualdade e equidade.

Com meu livro, quero atingir um público constituído por profissionais da área de psicopedagogia, psicologia, orientação de carreira, psiquiatria, pesquisa do tema autismo, empreendedorismo e área do RH.

Além de ser útil para pessoas com interesse em inclusão socioeconômica no geral.

Tem interesse na obra? Acesse o livro.

Que tal sonhar um um futuro melhor?

 A minha ficção científica funciona bem mais do que uma crítica e uma reflexão aprofundada sobre o papel do trabalho na sociedade.

Quero estimular meu público leitor a desenvolver uma visão crítica sobre a própria ciência. Até porque uma das funções da ficção científica é problematizar a relação entre ciência, sociedade e progresso.

A ficção científica, apesar do caráter ficcional, tem um jeito próprio de falar sobre o conhecimento científico. Ela combina um aspecto didático com um exame cuidadoso sobre muitas questões incômodas presentes na nossa vida social.

Assim, cada capítulo do livro é acompanhado de fundamentação acadêmica para que minha literatura possa ganhar profundidade.

Ou seja: além de apresentar narrativas ficcionais, acrescento uma conclusão no final de cada capítulo com base na ciência. Espero que minha literatura ative sua esperança num mundo melhor!

 

Sobre o autor:

Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!

 

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência.Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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Jornada de Impacto: curso gratuito já profissionalizou mais de 250 pessoas com deficiência para o mercado de trabalho no Brasil

Informações sobre o curso Jornada de Impacto
Informações sobre o curso Jornada de Impacto

Jornada de Impacto: curso gratuito já profissionalizou mais de 250 pessoas com deficiência para o mercado de trabalho no Brasil

Apoiado pela ASID Brasil e Fundação Cargill, o curso está com 45 vagas abertas no Mato Grosso, Paraná e São Paulo

Com o sonho de construir um mundo melhor, Felipe Emílio Gruetzmacher, tem o sonho de ser escritor e gerar transformação por meio das palavras. Ele é um homem autista de 35 anos, que já enfrentou diversos desafios na sua vida. Entre eles estão coisas simples, como, por exemplo, fazer amizades, pois nem sempre as pessoas estão prontas ou preparadas para lidar com o seu jeito. Trabalhar na área de marketing é uma de suas maiores paixões, embora também seja um grande desafio, já que as pessoas muitas vezes não entendem seu hiperfoco na área. 

“Eu não me interesso muito por  atividades que não sejam ligadas diretamente ao meu trabalho, como assistir a um filme, por exemplo”, afirma Felipe, que é formado em gestão ambiental. Quando se formou, encontrar trabalho não foi uma tarefa fácil, então ele decidiu empreender. Não sendo diferente, abrir um negócio também foi um desafio.

A sua trajetória empreendedora lhe ensinou valiosos aprendizados sobre marketing. Atualmente, ele trabalha na ASID Brasil como Assistente de Mídias, e afirma que a importância de participar de cursos de gestão de carreiras é importante, pois é possível poupar tempo e dinheiro, além de contar com o apoio de especialistas e professores preparados para acelerar carreiras de pessoas com deficiência.

Jornada de Impacto faz parte das ações da ASID Brasil

A ASID Brasil é uma plataforma de soluções para inclusão socioeconômica da pessoa com deficiência. Por meio de suas ações, idealiza, executa e dissemina projetos de desenvolvimento social em todo território nacional. Suas soluções criam oportunidades para pessoas com deficiência e seu núcleo familiar, além de incentivar novas tecnologias sociais. Felipe é uma dessas pessoas.

O objetivo do Jornada de Impacto é desenvolver uma trilha de inclusão, qualificando pessoas com deficiência tanto no âmbito técnico quanto no comportamental, para que estejam mais aptas a dar os próximos passos e gerir suas carreiras. Em paralelo, o projeto sensibiliza lideranças e equipes para receber e investir no desenvolvimento desses colaboradores. Com isso, o projeto promove as empresas e a comunidade, de forma acessível.

“A ASID é um ponto de conexão entre o terceiro setor, empresas e pessoas. Geramos oportunidades e conectamos empresas com pessoas com deficiência”, destaca Caroline Ferronato, diretora de projetos da ASID Brasil.

 

Vagas abertas para novas formações

Com o objetivo de impactar a vida de pessoas com deficiência e oferecer desenvolvimento pessoal e profissional, o Jornada de Impacto, organizado pela ASID Brasil, nesta edição, com a parceria da Fundação Cargill e Rede IN (rede de inclusão e diversidade da Cargill com a missão de suportar os princípios éticos da Cargill na promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e diverso, onde pessoas com diferentes habilidades tenham oportunidade de alcançar alto desempenho), está com 45 vagas abertas para os municípios de Quatro Pontes e região (PR), Primavera do Leste (MT) e São Paulo (SP). O programa já desenvolveu mais de 250 pessoas e, neste ano, vai acontecer de forma presencial, uma vez por semana, entre os meses de agosto e dezembro.

Em cada região, serão selecionadas 15 pessoas com deficiência, que podem se inscrever por meio do formulário on-line até o dia 16 de agosto, às 12h. O curso possui 84 horas de formação e será dividido em 2 módulos: o primeiro comportamental, com aulas sobre  autoconhecimento; inteligência emocional; comunicação efetiva; português corporativo e matemática e raciocínio lógico; e o segundo módulo, técnico, focado em informática e pacote office.

“Apoiar iniciativas que buscam fortalecer a qualificação de pessoas de grupos sub-representados é fundamental para mudar realidades. Seguimos com a visão de transformar as comunidades por meio da valorização de iniciativas que promovam inclusão, equidade e inovação”, destaca Flávia Tayama, diretora presidente da Fundação Cargill.

Os participantes ainda terão a oportunidade de ter a criação de um Plano de Desenvolvimento de Carreira (PDP) para traçar seus objetivos profissionais; criação de currículo e simulação de entrevistas; apresentação de currículo ao encerramento do curso para empresas parceiras da ASID Brasil e um padrinho ou madrinha (colaborador ou colaboradora Cargill) para apoio e conexão (networking).

Para participar, é necessário ter 16 anos ou mais, ser uma pessoa com deficiência auditiva, física, intelectual, visual, psicossocial ou com TEA (transtorno do espectro autista). Além disso é imprescindível ser alfabetizado (desejável ensino médio completo ou em andamento). Para mais informações sobre inscrições gratuitas, horários e locais das aulas, acesse o botão abaixo:

Sobre a ASID Brasil

A ASID Brasil é uma plataforma de soluções para inclusão socioeconômica da pessoa com deficiência. Idealiza, executa e dissemina soluções de desenvolvimento social em todo território nacional. Suas soluções criam oportunidades para pessoas com deficiência e seu núcleo familiar, além de incentivar novas tecnologias sociais. Atua desde 2010 com 120.000 pessoas impactadas e mais de 8 mil voluntários, a ASID Brasil conta com reconhecimentos nacionais e internacionais como Melhores ONGs Época, United People Global, e o Prêmio Viva Idea como melhor solução de impacto coletivo da América Latina. Mais informações: https://www.asidbrasil.org.br

Sobre a Fundação Cargill

A Fundação Cargill atua na missão de promover a prosperidade das comunidades, fortalecendo sistemas alimentares seguros, sustentáveis e acessíveis, por meio de iniciativas que promovam a inclusão, equidade e inovação. Com uma rede formada por voluntários, parceiros, entidades congêneres, instituições e organizações da sociedade civil, beneficiando anualmente milhares de pessoas em todo o Brasil, em localidades com presença da Cargill. Mais informações: https://fundacaocargill.org.br/

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Qual é a sua atitude em relação à inclusão?

A ciência da inclusão #09 - Coluna de Felipe Emílio Gruetzmacher

Qual é a sua atitude em relação à inclusão?

Você é uma pessoa de atitude? O que a psicologia diz a respeito de “atitude”? A coluna de Julho define o conceito de atitude segundo as principais ideias do capítulo 4 do livro “Psicologia Social: Temas e Teorias” dos autores Tiago Jessé Souza de Lima, Luana Elayne Cunha de Souza e João Gabriel Modesto.

O grande objetivo é exemplificar esse termo para refletir a respeito de uma cultura empresarial voltada para a inclusão de pessoas com deficiência.

Afinal, times com atitudes positivas e inclusivas acolhem a diversidade!

O que a ciência diz sobre atitudes?

De acordo com a psicologia social, atitude é diferente de comportamento. As atitudes englobam opiniões, pensamentos e intenção comportamental. Ou seja: falar em atitudes é dialogar sobre gostos e desgostos. Elas influenciam a forma como entendemos o mundo.

Assim, possuir uma atitude significa tomar uma decisão de gostar ou não gostar, favorecer ou desfavorecer um assunto.

São avaliações gerais e duradouras que fazemos sobre um tema.

A atitude tem as seguintes dimensões:

  • valência: uma atitude pode ser favorável (positiva), desfavorável (negativa) ou neutras.

     

  • intensidade: o quanto a sua atitude difere da neutralidade.

Por exemplo: uma pessoa com uma atitude desfavorável e moderada em relação a fazer tatuagem.

  • bases subjacentes da atitude: Uma atitude pode ser baseada em:

    – cognição (por exemplo: avaliar positivamente um carro porque ele é mais econômico);

     

    – emoção (por exemplo: não gostar de aranhas por sentir medo);

     

    – comportamento passado (por exemplo: ter uma atitude positiva em relação a exercícios porque ele já trouxe benefícios para a saúde no passado).

     

  • Força: a força de uma atitude pode variar de acordo com persistência e estabilidade ao longo do tempo.

    Por exemplo: uma pessoa com uma atitude muito forte e que resiste às tentativas de persuasão.

     

    De acordo com a perspectiva unidimensional, as pessoas têm atitudes que se encaixam em uma avaliação “neutra”, “positiva” ou “negativa”. Assim, uma pessoa que tivesse sentimentos, crenças e comportamentos positivos sobre um time de futebol não poderia ter sentimentos, crenças e comportamentos negativos sobre esse mesmo time.

    Por outro lado, a perspectiva bidimensional afirma que a pessoa pode ter uma combinação de crenças, afetos e comportamentos positivos e negativos sobre um mesmo assunto.

    Por exemplo: uma pessoa pode ter crenças positivas sobre doar sangue e considerá-lo como um comportamento altruísta e benéfico. Essa mesma pessoa pode manter emoções negativas em relação à doar sangue pelo medo de agulhas.

Como esse conhecimento acadêmico pode ser aplicado na inclusão socioeconômica?

Cabe a reflexão: como a classe empresarial pode estimular atitudes positivas quanto à inclusão de pessoas com deficiência em ambientes de trabalho?

Qual é o papel do terceiro setor em difundir a necessidade de acolher a diversidade?

Afinal, organizações sociais que estimulam empresas a incluírem talentos diversos precisam saber como abordar o tema com esses mesmos empreendimentos.

Iniciar a abordagem e as negociações para verificar se o empresariado tem uma atitude bastante positiva (valência e intensidade) em relação à inclusão facilita a comunicação e a execução de projetos. Além disso, o terceiro setor deve saber avaliar se o empresariado está mais propenso a incluir talentos diversos por uma questão cognitiva (por exemplo: diversidade trazendo maior desempenho) ou emocional (incluir por uma questão ética e propósito empresarial). Definir a força é outro aspecto importante: assim, o terceiro setor consegue identificar se o empresariado têm atitudes duradouras e positivas sobre a inclusão, o que ajuda na abordagem.

Esse conhecimento tem implicações e utilidades no marketing e apresentações de ações do terceiro setor. Dessa forma, pitches relatando sobre um projeto de impacto poderão enfatizar os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência. Esse fato faz com que empresas “comprem” a ideia da organização social com maior facilidade.

Podemos citar o exemplo do projeto Jornada de Impacto: empresas só investem nessa solução se tiverem uma forte predisposição para construir um mundo mais inclusivo.

Referências:

TORRES, Ana Raquel Rosas; LIMA, Marcus Eugênio Oliveira; TECHIO, Elza Maria; CAMINO, Leoncio. Psicologia social : temas e teorias. 3. ed. São Paulo : Blucher, 2023.

https://dspace.unisa.br/items/70f385fe-2783-4bbc-89db-ec4586ff96a4

Sobre o autor:

Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!

 

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Governança e credibilidade para OSCs

Inovação Social #09 - Coluna de Leonardo Mesquita

Governança e credibilidade para OSCs

A reflexão que trago nesta edição é baseada em uma atividade de assessoramento realizada com uma organização parceira. Na ocasião, recebemos o Leandro Marins de Souza, advogado especialista em terceiro setor na Marins de Souza Advogados, para um bate-papo sobre aspectos jurídicos para OSC. Ele nos trouxe algumas contextualizações sobre o tema, mas, principalmente, sobre a importância de uma boa estrutura de governança para se construir uma marca de credibilidade.

Uma boa governança é fundamental para uma organização responsável. É importante que as lideranças de uma OSC estejam atentas a sua estrutura organizacional, à gestão de riscos, transparência e prestação de contas. Com uma boa governança, a organização fortalece a sua imagem perante a comunidade, conquistando a confiança de seus parceiros.

Um dos pilares desse processo é o estatuto de uma organização social. Ele é o documento que rege o funcionamento da organização, definindo seus objetivos, direitos e deveres dos membros, regras de funcionamento, etc. É a “primeira lei” da organização, sendo fundamental para sua existência e atuação.

Por que o estatuto é importante?

  • Define o que a organização pode e não pode fazer, inclusive para captar recursos públicos ou privados.
  • Estabelece os princípios de governança da organização, como transparência, controle social e gestão democrática.
  • Permite que a organização se alinhe às leis e normas que regem sua área de atuação.
  • Serve como base para a tomada de decisões e a resolução de conflitos internos.

Pontos chave:

  • O estatuto bem elaborado é fundamental para abrir portas para diversas oportunidades.
  • Transparência e comunicação clara com parceiras são essenciais para construir relacionamentos de confiança.
  • A captação de recursos por meio do relacionamento com empresas ou entes públicos oferece diversas possibilidades para organizações sociais.

A governança se refere ao conjunto de princípios, mecanismos e práticas que garantem a condução justa, transparente e responsável de uma organização. Ela abrange diversos aspectos, desde a definição clara de objetivos e valores até a implementação de controles internos eficazes e a prestação de contas consistente.

Boas práticas de Governança:

  • Governança forte com controles robustos e um estatuto bem elaborado reduz o risco para órgão públicos, empresas ou pessoas parceiras.
  • Demonstrações contábeis transparentes, especialmente no site da organização, e comunicação clara com as partes interessadas são essenciais.
  • A governança vai além do estatuto, abrangendo relatórios, transparência e relacionamento com parceiras.

Por fim, cabe ressaltar que contar com um material de consulta reforça o conhecimento jurídico das organizações e instituições. Assim, o acesso a aspectos jurídicos amplia a credibilidade e o impacto social de projetos.

Sobre o autor:

Leonardo Mesquita é especialista em Gestão de Projetos Sociais e certificado em Lideranças de Inovações Sociais. Graduado em Engenharia de Computação e há 7 anos atua na ASID Brasil, liderando articulações de comunidades e processos de inovação social dentro da causa da pessoa com deficiência. Já esteve envolvido na coordenação de programas de voluntariado. Léo escreve sobre inovação social, ODS e como conectamos essas pautas com a causa da pessoa com deficiência.

 

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Quando pais ou cuidadores de pessoas com deficiência envelhecem… O que fazer?

Diversidade e Literatura #09 - Coluna de Edilayne Ribeiro

Quando pais ou cuidadores de pessoas com deficiência envelhecem... O que fazer?

No último texto, você pôde conhecer mais sobre o processo de envelhecimento de pessoas com deficiência. Lá, eu trouxe as 4 dimensões do envelhecer, e como elas são particularmente aplicadas à realidade de pessoas com deficiência; levantei também algumas propostas para contornar os desafios que cada dimensão traz, e como buscarmos sempre uma realidade mais segura, acessível e inclusiva para esse público.

Neste texto, continuaremos a reflexão do envelhecimento, mas agora pela perspectiva dos pais ou cuidadores de pessoas com deficiência. Aqui, quando eu falar “pais ou cuidadores”, estarei me referindo à mãe ou ao pai, à tia ou ao tio, à avó ou ao avô, à tutora ou ao tutor, ou qualquer outra pessoa que seja legalmente responsável por uma pessoa com deficiência, podendo ser também um vizinho ou amigo.

O processo de envelhecimento dos pais ou cuidadores de pessoas com deficiência também abrange as dimensões mencionadas no texto anterior: questões biológicas e de saúde crônica podem ficar mais evidentes; o cansaço e a exaustão estão mais presentes; também pode haver isolamento social, negligência e dificuldades financeiras que comprometem a rotina dessa família; preocupações com o futuro – tanto o próprio quanto o de sua filha ou filho com deficiência – começam a ser mais comuns; mudanças na dinâmica ou no papel familiar podem acontecer em decorrência da idade; dentre vários outros.

Essas mudanças se agravam, em geral, porque raramente se faz um bom planejamento de futuro enquanto ainda há tempo, isto é, pensar sobre o que vai acontecer a médio e longo prazo não é um costume que temos, e isso compromete a criação de alternativas para amparar o que ainda está por vir.

Pensar sobre o futuro causa muita insegurança e incerteza, mas isso não isenta de frequentemente esses pais ou cuidadores pensarem “o que vai ser da minha filha ou do meu filho com deficiência depois que eu partir?”. O envelhecimento de um pai, mãe ou cuidador gera esse questionamento porque nem sempre existe outra pessoa que poderia cuidar ou cuidaria tão bem de seu filho, e se não for um questionamento trabalhado em vida, pode causar dificuldades aumentadas quando isso se tornar realidade.

Pais ou cuidadores de pessoas com deficiência geralmente têm uma rotina muito específica em termos de atividades em que a pessoa participa ou necessidades e cuidados que a pessoa precisa, e raramente há uma rede de outras pessoas envolvidas em auxiliar nessa rotina ou, pelo menos, saber do que se trata. Para mitigar essa realidade, faz-se imprescindível ter um planejamento muito bem documentado com o nome e contato das principais pessoas envolvidas na vida dessa filha ou filho com deficiência (como médicos, psicoterapeutas, professores, etc); suas principais habilidades, interesses e outras características de sua personalidade; atividades que realiza no dia-a-dia ou que gostaria de realizar; questões de espiritualidade (essa família tem uma religião? Costuma frequentar algum local ou ter algum ritual que é importante de ser mantido?); e vários outros aspectos.

Além dessa documentação, também é fundamental pensar nas pessoas ao redor que exercem um papel mais íntimo, de troca e participação, nessa rotina. Analisar quem são pessoas-chave a contribuir na realidade da pessoa com deficiência ajuda a fortalecer laços, criar novas rotinas sociais e ampliar o contato em contextos diferentes (como vizinhança ou algum serviço da cidade), mas também ajuda a avaliar se nosso entorno está equilibrado, ou seja, se estamos tendo uma mesma quantidade de pessoas que nos fornecem serviços, ou que são nossas amigas mais próximas, ou que são somente da família. Muitas vezes, na realidade de pessoas com deficiência, o número de pessoas que fornecem serviços é infinitamente maior do que as amizades, por exemplo, o que pode comprometer o desenvolvimento sociocultural da pessoa.

Para finalizar estas reflexões, devo pontuar que o papel da sociedade também é essencial no envelhecimento de pais ou cuidadores de pessoas com deficiência, ou para as próprias pessoas com deficiência. É nosso dever promover acessibilidade e segurança para esse público; incentivar cada vez mais serviços de educação e saúde, mas também pensar no lazer e na cultura de um público que geralmente é negligenciado nessas questões; e fortalecer iniciativas de letramento, sensibilizações e outras formas de disseminar conteúdos que possam preparar e apoiar essas famílias.

O envelhecimento dos pais ou cuidadores de pessoas com deficiência é uma realidade que exige atenção, acolhimento e ação proativa. Ao criar estratégias como as mencionadas nos parágrafos anteriores e fortalecer redes de apoio de todos os tipos, estamos apoiando essas famílias a enfrentar o futuro com mais confiança e menos medo, garantindo que ambos possam continuar a viver vidas com mais qualidade! Encorajar pais ou cuidadores a buscar apoio, a dialogar abertamente sobre seus medos e a participar de iniciativas voltadas para o planejamento e suporte ao envelhecimento é fundamental para que isso seja alcançado sem ignorar a realidade em que eles vivem e a continuidade de seus objetivos! A ASID busca trabalhar essa realidade em metodologias como o ASAS, que você pode conhecer mais clicando aqui

Edilayne Ribeiro 
ASID Brasil – 2023

Sobre a autora:

Edilayne Ribeiro é psicóloga, especialista em Neuropsicologia e mestra em Educação, membra da Comissão de Educação Inclusiva da Universidade Tuiuti do Paraná e palestrante nos temas pessoa com deficiência e sexualidade. Atualmente é Líder na ASID em Projetos de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

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Responda a pesquisa “Oportunidades Especiais” e construa uma Curitiba inclusiva

Marca do projeto Oportunidades Especiais
Marca do projeto Oportunidades Especiais

Responda a pesquisa "Oportunidades Especiais" e construa uma Curitiba inclusiva

O projeto Oportunidades Especiais está mapeando necessidades e demandas de crianças e adolescentes com deficiência da cidade de Curitiba. 

O objetivo é muito mais do que somente conhecer a realidade do público com deficiência. 

Esses dados mapeados serão enviados para o poder público de Curitiba. Assim, vamos todos conectar o contexto da pessoa com deficiência com os serviços públicos.

Quem pode responder a pesquisa?

Mãe, pais ou responsáveis por pessoas com deficiência podem fornecer respostas para a nossa equipe ASID.

O questionário é fácil, muito intuitivo e rápido de responder. Com isso, você estará auxiliando na construção de uma Curitiba mais inclusiva e com maior qualidade de vida.

Acesse a pesquisa aqui.

Quem pode responder a pesquisa?

Todas as ações da ASID Brasil enquanto inteligência coletiva se baseiam em dados e num contato direto com partes interessadas na inclusão.

Portanto, nós ativamos o poder da rede e das conexões com o Poder Público para motivar a mudança.

Nosso público é plural e exige soluções sob medida e bem específicas. Priorizamos a proximidade e o diálogo!  As necessidades e as demandas do nosso público estão em evolução e mudança constante. Em função disso, a ASID Brasil está sempre procurando conversar com nosso público para conhecer as diversas realidades das pessoas com deficiência.

Qual é a transformação social ativada pela pesquisa?

Queremos provocar a mudança na vida das pessoas! Examinar constantemente as necessidades e demandas do nosso público significa colaborar para aperfeiçoar soluções sociais. 

Afinal, toda a boa solução é uma cocriação baseada em critérios técnicos e muito profissionalismo.

Entender o posicionamento e o lugar de fala do público alvo das soluções de impacto é uma atitude comprometida com a inclusão socioeconômica.

Uma escuta ativa e empática é imprescindível no trabalho do terceiro setor em atuar de forma coletiva para diagnosticar as necessidades das partes interessadas.

Invista em cidadania! Invista nestas Oportunidades Especiais.

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Confira como o livro “Além das Limitações” impactou vidas!

Exemplares do livro "Além das Limitações"
Exemplares do livro "Além das Limitações"

Confira como o livro “Além das Limitações” impactou vidas!

Um bom livro sempre alcança corações e mentes! Narrar boas histórias proporciona novas ideias e novas perspectivas sobre inclusão. Assim, o livro “Além das Limitações: Uma Jornada pela História da Deficiência e a Sociedade do Cuidado” enfatiza a jornada das pessoas com deficiência ao longo do tempo e cita relevantes contribuições delas para a humanidade.

As autoras e historiadoras Pérola Sanfelice e Daniele Shorne de Souza nos presenteiam com muita sabedoria literária e informações históricas. Essas ideias semeadas através da literatura geraram muitos bons frutos! Até porque a ASID Brasil difundiu esses insights de um jeito bem memorável e estratégico.

Uma literatura envolvente e apaixonante!

A ASID Brasil em parceria com o NMC (Núcleo de Mídia e Conhecimento) realizou palestras sobre a obra “Além das Limitações” para reforçar nosso posicionamento e compromisso com a inclusão.

Assim, nossa equipe Asider atendeu um público bem diversificado constituído por professores e alunos de nível escolar e universitário, comunidade escolar e profissionais da assistência social.

Nosso discurso é firme e muito alinhado com a causa da pessoa com deficiência! Por isso, combinar literatura com palestra amplia o alcance e a profundidade do impacto social.

Atendemos o público de Curitiba de modo presencial. Além disso, usamos o formato online para atender outras localidades brasileiras. Por fim, transformamos a vida de 1.325 pessoas com muita informação, palestras e literatura.

Novas estratégias para alcançar o coração das pessoas!

A ASID Brasil investe muito em inclusão e acessibilidade!

O livro Além das Limitações está disponível no Spotify para atingir muito mais vidas. 

Acesse a versão em áudio clicando no botão abaixo:

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O que o aniversário da ASID Brasil representa para a inclusão?

Três mulheres da equipe da ASID se abraçando e vestindo chapeuzinhos de festa.
Três mulheres da equipe da ASID se abraçando e vestindo chapeuzinhos de festa.

O que o aniversário da ASID Brasil representa para a inclusão?

A ASID Brasil completou 14 anos no dia 01/07/2024! Esta jornada empreendedora foi repleta de desafios, muita garra, foco e determinação.

A própria criação da ASID Brasil está muito associada com a inclusão de pessoas com deficiência.

Essa criação foi motivada por um contexto familiar: Laura, irmã de um dos fundadores, Alexandre, nasceu com síndrome de Down e transtorno do espectro autista.

Laura, então, foi uma das inspirações para Alexandre Amorim, Luiz Hamilton Ribas e Diego Tutumi Moreira iniciaram o projeto ASID em 2010. Logo, o comprometimento e o compromisso com a causa da inclusão já esteve no DNA inovador da ASID Brasil desde o começo!

Esses 14 anos significam muitas coisas:

 

  • o esforço em colocar a jornada da pessoa com deficiência em primeiro lugar e em evidência;
  • ativar uma potente escuta ativa para contemplar o lugar de fala de todas as pessoas;
  • trazer a mudança na vida das pessoas e das empresas através dos negócios sociais.

A evolução do modelo empreendedor social

O jeito ASID foi sofrendo adaptações e melhorias ao longo dos anos para melhor impactar a vida dos participantes do nossos projetos sociais. Colocamos narrativas em primeiro plano sem nunca esquecer as particularidades e as especificidades de cada situação atendida.

A ASID Brasil mostra que é possível que organizações empresariais investirem em projetos sociais para conquistar credibilidade e significância no ecossistema de inovação social!

Dessa forma, a ASID se posiciona como:

  1. Uma organização aliada da pessoa com deficiência;

  2. Inteligência coletiva;

  3. Especialista em soluções do terceiro setor.

Essas três posturas são complementares e servem para ampliar o alcance e a profundidade do nosso trabalho.

Soluções memoráveis para transformar a vida do nosso público

Com a maturação e o desenvolvimento do nosso modelo ASID, nossa equipe validou, consolidou e aperfeiçoou soluções como:

a) A Solução ASAS auxilia pessoas com deficiência a conquistar maior autonomia e uma vida de mais qualidade. Assim, a ASID promove o desenvolvimento de um plano centrado no perfil, nas habilidades e potencialidades da pessoa com deficiência.

b) A Solução Mais Educação oferece sensibilização de lideranças escolares, critérios técnicos e metodologias apropriadas para fomentar a inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular.

c) Já a Solução Empreenda fomenta o empreendedorismo das pessoas com deficiência e familiares.

d) A Jornada de Impacto apoia a formação de pessoas com deficiência em nível técnico e comportamental de forma acessível. O propósito é fomentar o protagonismo da diversidade em se tratando de gerir a própria carreira, assim como promover o desenvolvimento territorial e interno das empresas.

Além das soluções, temos as comunidades:

  1. Conexões: promove a articulação de profissionais e lideranças de negócios sociais de todo o Brasil.

  2. Empreenda: oferta de suporte para pessoas empreendedoras com deficiência e seus familiares.

  3. ASAS: com a missão de fortalecer redes de suporte e planos de vida centrados nos interesses e rotina das pessoas com deficiência;

  4. Clube do Emprego: compartilhamento de oportunidades de trabalho.

Todas essas estratégias, soluções e investimentos em comunidade agregam visibilidade para a inclusão socioeconômica. Esses 14 anos da ASID Brasil ativaram suas esperanças em um amanhã sem barreiras?

Entre em contato com a  ASID e conheça nossos projetos.

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Nossa Missão

Existimos para quebrar as barreiras socioeconômicas que excluem a pessoa com deficiência.

Selo Amigo Do Surdo Branco Redondo Hugo

LGPD

Em alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados, garantimos a confidencialidade, segurança e integridade de seus dados pessoais, prevenindo a ocorrência de eventuais danos em virtude do tratamento dos mesmos. Para as solicitações dos titulares de dados, por favor, nos envie um e-mail.

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Vamos falar sobre o envelhecimento da pessoa com deficiência?

Diversidade e Literatura #08 - Coluna de Edilayne Ribeiro

Vamos falar sobre o envelhecimento da pessoa com deficiência?

Ao falarmos sobre pessoas com deficiência, o foco ainda é o seu desenvolvimento na infância ou questões de acessibilidade para uma vida mais inclusiva e segura – temas ótimos e muito importantes! Contudo, um tema de igual necessidade mas pouco falado é o envelhecimento, tanto da própria pessoa com deficiência quanto de sua família, pois esbarra em questões de futuro, de planejamento, de saúde e de incertezas.

Neste texto, trarei algumas reflexões sobre o envelhecimento da própria pessoa com deficiência. Mas fiquem atentas e atentos, que na coluna do mês que vem eu dedicarei espaço para falar sobre o envelhecimento dos familiares de pessoas com deficiência, cujos desafios são diferentes!

Segundo a PNAD 2022, no Brasil há 18,6 milhões de pessoas com deficiência com dois anos ou mais. Destas, a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019), 8,5 milhões estão no grupo etário de 60 anos ou mais, e têm menos oportunidades de inclusão, por não terem fundos, não terem entrada no mercado de trabalho, não terem estudo e etc.

Aumentando mais ainda o recorte, dados do IBGE de 2010 revelam que no Brasil existem 2.617.025 pessoas com deficiência intelectual e, destas, 2,9% têm 65 anos ou mais. Apesar de ser um número expressivo, ele não necessariamente está ligado a uma boa qualidade de vida, porque a velhice ainda carrega muita negligência, preconceito e ausência de serviços públicos preparados para atender esse público, fazendo com que pessoas adultas ou idosas – em especial com deficiência – não tenham um bom planejamento de futuro, tampouco recursos para concretizá-lo.

O processo de envelhecimento, à luz da Psicologia, abarca 4 dimensões: biológica (questões corporais, de sensibilidade e equilíbrio), cronológica (questões de idade, relacionadas aos anos de vida da pessoa), psíquica (questões da vivência e experiência de vida) e sociocultural (questões sociais, do meio em que a pessoa vive e do papel que exerce).

Essas dimensões, quando aplicadas à realidade das pessoas com deficiência, apresentam desafios específicos que precisam ser considerados para promover um envelhecimento mais saudável e inclusivo:

    • Na dimensão biológica, as pessoas com deficiência podem enfrentar maior vulnerabilidade a condições crônicas, problemas de mobilidade agravados e situações mais difíceis de serem diagnosticadas. Para mitigar esses desafios, é fundamental um acompanhamento médico regular e programas de reabilitação adaptados às necessidades individuais.
    • Na dimensão cronológica, sabe-se que a idade pode não refletir um funcionamento real do corpo e da mente de uma pessoa com deficiência: é possível que uma pessoa com deficiência jovem, por exemplo, enfrente desafios típicos de idades mais avançadas, justamente devido à sua deficiência. Portanto, políticas de apoio e cuidados devem ser flexíveis o suficiente para atender às necessidades específicas de cada indivíduo, independentemente da idade.
    • Na dimensão psíquica, a experiência de vida e o bem-estar das pessoas com deficiência podem ser influenciados por fatores como aceitação social, oportunidades de realização pessoal e profissional, desenvolvimento de autonomia, dentre outros. Existem muitas barreiras emocionais enfrentadas por pessoas com deficiência devido à realidade em que, muitas vezes, vivem, como ansiedade e depressão, agravadas pelo isolamento social e pela falta de oportunidades. Assim, é essencial oferecer suporte psicológico contínuo e criar ambientes que promovam a inclusão e a participação ativa deste público na sociedade.
    • Por fim, na dimensão sociocultural o envelhecimento pode ser particularmente desafiador onde a acessibilidade e a inclusão social são limitadas, além da presença do preconceito, de vieses inconscientes em relação à idade, de falta de oportunidades para participação ativa em contextos de trabalho e/ou lazer, etc. Para contornar esse desafio, programas comunitários inclusivos, acessibilidade em espaços públicos e oportunidades de engajamento social são fundamentais para pessoas com deficiência passarem por seu processo de envelhecimento sem estarem marginalizadas socialmente.

Entender e falar sobre envelhecimento é, em qualquer realidade, imprescindível. Mas aplicar essas reflexões à realidade de pessoas com deficiência é prioritário, reconhecendo que muitos de seus desafios são únicos e, por isso, exigem adaptações e cuidados únicos também. Isso abrange desde adaptações nos cuidados de saúde física e mental, até a criação e o fortalecimento de redes de apoio, promovendo uma sociedade mais acessível e inclusiva.

A ASID busca trabalhar essa realidade em metodologias como o ASAS, que você pode conhecer mais clicando aqui.

Edilayne Ribeiro 
ASID Brasil – 2023

Sobre a autora:

Edilayne Ribeiro é psicóloga, especialista em Neuropsicologia e mestra em Educação, membra da Comissão de Educação Inclusiva da Universidade Tuiuti do Paraná e palestrante nos temas pessoa com deficiência e sexualidade. Atualmente é Líder na ASID em Projetos de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência. Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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Estratégias para agregar na credibilidade da inclusão

A ciência da inclusão #08 - Coluna de Felipe Gruetzmacher

Estratégias para agregar na credibilidade da inclusão

Como o investimento empresarial no terceiro setor pode resultar em impactos sociais verdadeiros? 

Empresas investem em projetos do terceiro setor. Quando isso acontece, significa que a corporação “comprou” a ideia defendida pela ONG. Como saber qual é o projeto social que mais vai gerar transformação social para as pessoas com deficiência? O artigo acadêmico “Economia do compartilhamento, assimetria informacional e Regulação Econômica Consumerista” traz importantes insights sobre três pontos principais:

    • A atuação do Estado para defender os interesses do consumidor;
    • Os mecanismos para verificar reputação de marcas;

Como aplicativos podem apresentar confiabilidade para os clientes. Os casos citados são Uber, Airbnb e outros.

Apesar dos autores Marcia Carla Pereira Ribeiro e João Victor Ruiz Martins focarem em aplicativos, os insights da ciência econômica podem ser “encaixados” em outros contextos como o caso do investimento em projetos de inclusão. Assim, você vai examinar esses insights econômicos e, depois, aplicabilidade deles para a causa da pessoa com deficiência:

O que os autores mencionam sobre a reputação de marcas empresariais?

    • A assimetria informacional acontece numa compra, quando uma parte conhece mais sobre o produto do que a outra. Esse desequilíbrio de informações origina uma falha no mercado chamada “seleção adversa”. 

Por exemplo:

Carros usados de má qualidade custam menos do que carros usados de boa qualidade. Num mundo ideal, os compradores têm informações completas sobre os carros, conhecendo os detalhes técnicos e as qualidades do automóvel. Daí, eles compram os carros de boa qualidade, mesmo pagando mais. 

Infelizmente, no mundo real, os clientes não possuem informações suficientes sobre a qualidade do carro, o que acaba motivando a compra de carros de baixa qualidade e com menor preço. Nesse caso, o vendedor conhece mais sobre o produto, aproveitando a desigualdade de informação para “empurrar” carros ruins. O mercado pode criar instituições como garantias, marcas, redes e licenças para inibir essa prática e resguardar os interesses do consumidor.

Outro exemplo:

Sinalização é um mecanismo que mitiga o perigo da “seleção adversa”: é o uso de diplomas e experiência profissional para comprovar a excelência de um profissional. Da mesma forma, serviços podem ser sinalizados com apoio de marcas e atestados de qualidade. A internet pode oferecer mecanismos virtuais para identificar a qualidade de um produto. Os consumidores acessam informações com maior facilidade. Reputação é a moeda dos tempos digitais.

Investimentos inteligentes na ideia mais certeira

A reputação digital amplia o impacto social:

Instituições acadêmicas que estudam cenários e contextos da pessoa com deficiência poderiam validar problemas sociais. Um exemplo seria estudiosos da economia que analisam a falta de oportunidades profissionais para pessoas com deficiência. Assim, com problemas validados cientificamente, as empresas saberiam qual projeto geraria maior impacto social. 

Investir no terceiro setor ficaria bem mais fácil. Além do mais, Conselhos de Classe Profissional e Universidades podem fornecer pessoas com talentos e diplomas específicos para agregar em Organizações do terceiro setor. 

É uma estratégia de sinalização:

    • O terceiro setor ganha credibilidade por empregar pessoas com formação adequada;
    • Capital humano consegue acessar oportunidades profissionais;
    • Empresas saberão investir com maior segurança, pois problemas foram validados e o terceiro setor oferece soluções sob medida e executadas por pessoal competente;
    • Pessoas com deficiência podem usufruir de soluções de alto impacto.
    • Conselhos de Classe Profissional ganham em reputação;

A ciência tem o propósito de alcançar maior número de pessoas. Por isso, existe uma dimensão pública na divulgação científica. Identificar problemas sociais e know-how adequados coloca as empresas como organizações de vanguarda, confiáveis e que investem em soluções realmente impactantes. 

Não basta que as empresas sigam demandas do mercado, tendências ESG e/ou ODS. As próprias organizações corporativas precisam incorporar o papel de agentes que educam o mercado. Elas é que precisam “criar” as tendências relacionadas à ESG e ODS, mantendo-se proativas e empreendedoras. Para tanto, identificar os reais e mais significativos problemas é sempre uma boa prática para alcançar confiabilidade e reputação.

Por exemplo: não basta empresas investirem em projetos que promovem a inclusão de pessoas com deficiência em cargos apenas operacionais. Essa atitude corporativa visa somente agradar o mercado com soluções parciais. Um estudo mais aprofundado sobre empregabilidade e inclusão iria relevar que a inclusão socioeconômica exige mais do que cumprir cotas: é preciso oferecer condições para que o colaborador consiga crescer profissionalmente.

Dessa forma, a ciência pode sempre colocar empresas na posição de liderar as tendências de mercado e não seguir hypes. Ganham todos em confiabilidade e reputação.

Fontes bibliográficas:

MARTINS, João Victor Ruiz; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. A Economia do Compartilhamento, Assimetria Informacional e Regulação Econômica Consumerista. Revista de Direito, Economia e Desenvolvimento Sustentável, Florianópolis, ano 2. n. 2, Jul-Dez. 2016.

https://www.indexlaw.org/index.php/revistaddsus/article/view/1386/1820

Felipe Emilio Gruetzmacher 

ASID Brasil – 2024

Sobre o autor:

Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!

 

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência. Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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