A ciência da inclusão #08 - Coluna de Felipe Gruetzmacher
Estratégias para agregar na credibilidade da inclusão
Como o investimento empresarial no terceiro setor pode resultar em impactos sociais verdadeiros?
Empresas investem em projetos do terceiro setor. Quando isso acontece, significa que a corporação “comprou” a ideia defendida pela ONG. Como saber qual é o projeto social que mais vai gerar transformação social para as pessoas com deficiência? O artigo acadêmico “Economia do compartilhamento, assimetria informacional e Regulação Econômica Consumerista” traz importantes insights sobre três pontos principais:
- A atuação do Estado para defender os interesses do consumidor;
- Os mecanismos para verificar reputação de marcas;
Como aplicativos podem apresentar confiabilidade para os clientes. Os casos citados são Uber, Airbnb e outros.
Apesar dos autores Marcia Carla Pereira Ribeiro e João Victor Ruiz Martins focarem em aplicativos, os insights da ciência econômica podem ser “encaixados” em outros contextos como o caso do investimento em projetos de inclusão. Assim, você vai examinar esses insights econômicos e, depois, aplicabilidade deles para a causa da pessoa com deficiência:
O que os autores mencionam sobre a reputação de marcas empresariais?
- A assimetria informacional acontece numa compra, quando uma parte conhece mais sobre o produto do que a outra. Esse desequilíbrio de informações origina uma falha no mercado chamada “seleção adversa”.
Por exemplo:
Carros usados de má qualidade custam menos do que carros usados de boa qualidade. Num mundo ideal, os compradores têm informações completas sobre os carros, conhecendo os detalhes técnicos e as qualidades do automóvel. Daí, eles compram os carros de boa qualidade, mesmo pagando mais.
Infelizmente, no mundo real, os clientes não possuem informações suficientes sobre a qualidade do carro, o que acaba motivando a compra de carros de baixa qualidade e com menor preço. Nesse caso, o vendedor conhece mais sobre o produto, aproveitando a desigualdade de informação para “empurrar” carros ruins. O mercado pode criar instituições como garantias, marcas, redes e licenças para inibir essa prática e resguardar os interesses do consumidor.
Outro exemplo:
Sinalização é um mecanismo que mitiga o perigo da “seleção adversa”: é o uso de diplomas e experiência profissional para comprovar a excelência de um profissional. Da mesma forma, serviços podem ser sinalizados com apoio de marcas e atestados de qualidade. A internet pode oferecer mecanismos virtuais para identificar a qualidade de um produto. Os consumidores acessam informações com maior facilidade. Reputação é a moeda dos tempos digitais.
Investimentos inteligentes na ideia mais certeira
A reputação digital amplia o impacto social:
Instituições acadêmicas que estudam cenários e contextos da pessoa com deficiência poderiam validar problemas sociais. Um exemplo seria estudiosos da economia que analisam a falta de oportunidades profissionais para pessoas com deficiência. Assim, com problemas validados cientificamente, as empresas saberiam qual projeto geraria maior impacto social.
Investir no terceiro setor ficaria bem mais fácil. Além do mais, Conselhos de Classe Profissional e Universidades podem fornecer pessoas com talentos e diplomas específicos para agregar em Organizações do terceiro setor.
É uma estratégia de sinalização:
- O terceiro setor ganha credibilidade por empregar pessoas com formação adequada;
- Capital humano consegue acessar oportunidades profissionais;
- Empresas saberão investir com maior segurança, pois problemas foram validados e o terceiro setor oferece soluções sob medida e executadas por pessoal competente;
- Pessoas com deficiência podem usufruir de soluções de alto impacto.
- Conselhos de Classe Profissional ganham em reputação;
A ciência tem o propósito de alcançar maior número de pessoas. Por isso, existe uma dimensão pública na divulgação científica. Identificar problemas sociais e know-how adequados coloca as empresas como organizações de vanguarda, confiáveis e que investem em soluções realmente impactantes.
Não basta que as empresas sigam demandas do mercado, tendências ESG e/ou ODS. As próprias organizações corporativas precisam incorporar o papel de agentes que educam o mercado. Elas é que precisam “criar” as tendências relacionadas à ESG e ODS, mantendo-se proativas e empreendedoras. Para tanto, identificar os reais e mais significativos problemas é sempre uma boa prática para alcançar confiabilidade e reputação.
Por exemplo: não basta empresas investirem em projetos que promovem a inclusão de pessoas com deficiência em cargos apenas operacionais. Essa atitude corporativa visa somente agradar o mercado com soluções parciais. Um estudo mais aprofundado sobre empregabilidade e inclusão iria relevar que a inclusão socioeconômica exige mais do que cumprir cotas: é preciso oferecer condições para que o colaborador consiga crescer profissionalmente.
Dessa forma, a ciência pode sempre colocar empresas na posição de liderar as tendências de mercado e não seguir hypes. Ganham todos em confiabilidade e reputação.
Fontes bibliográficas:
MARTINS, João Victor Ruiz; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. A Economia do Compartilhamento, Assimetria Informacional e Regulação Econômica Consumerista. Revista de Direito, Economia e Desenvolvimento Sustentável, Florianópolis, ano 2. n. 2, Jul-Dez. 2016.
https://www.indexlaw.org/index.php/revistaddsus/article/view/1386/1820
Felipe Emilio Gruetzmacher
ASID Brasil – 2024
Sobre o autor:
Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!
Sobre a ASID Brasil:
A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência. Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.
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