A ciência da inclusão #09 - Coluna de Felipe Emílio Gruetzmacher

Qual é a sua atitude em relação à inclusão?

Você é uma pessoa de atitude? O que a psicologia diz a respeito de “atitude”? A coluna de Julho define o conceito de atitude segundo as principais ideias do capítulo 4 do livro “Psicologia Social: Temas e Teorias” dos autores Tiago Jessé Souza de Lima, Luana Elayne Cunha de Souza e João Gabriel Modesto.

O grande objetivo é exemplificar esse termo para refletir a respeito de uma cultura empresarial voltada para a inclusão de pessoas com deficiência.

Afinal, times com atitudes positivas e inclusivas acolhem a diversidade!

O que a ciência diz sobre atitudes?

De acordo com a psicologia social, atitude é diferente de comportamento. As atitudes englobam opiniões, pensamentos e intenção comportamental. Ou seja: falar em atitudes é dialogar sobre gostos e desgostos. Elas influenciam a forma como entendemos o mundo.

Assim, possuir uma atitude significa tomar uma decisão de gostar ou não gostar, favorecer ou desfavorecer um assunto.

São avaliações gerais e duradouras que fazemos sobre um tema.

A atitude tem as seguintes dimensões:

  • valência: uma atitude pode ser favorável (positiva), desfavorável (negativa) ou neutras.

     

  • intensidade: o quanto a sua atitude difere da neutralidade.

Por exemplo: uma pessoa com uma atitude desfavorável e moderada em relação a fazer tatuagem.

  • bases subjacentes da atitude: Uma atitude pode ser baseada em:

    – cognição (por exemplo: avaliar positivamente um carro porque ele é mais econômico);

     

    – emoção (por exemplo: não gostar de aranhas por sentir medo);

     

    – comportamento passado (por exemplo: ter uma atitude positiva em relação a exercícios porque ele já trouxe benefícios para a saúde no passado).

     

  • Força: a força de uma atitude pode variar de acordo com persistência e estabilidade ao longo do tempo.

    Por exemplo: uma pessoa com uma atitude muito forte e que resiste às tentativas de persuasão.

     

    De acordo com a perspectiva unidimensional, as pessoas têm atitudes que se encaixam em uma avaliação “neutra”, “positiva” ou “negativa”. Assim, uma pessoa que tivesse sentimentos, crenças e comportamentos positivos sobre um time de futebol não poderia ter sentimentos, crenças e comportamentos negativos sobre esse mesmo time.

    Por outro lado, a perspectiva bidimensional afirma que a pessoa pode ter uma combinação de crenças, afetos e comportamentos positivos e negativos sobre um mesmo assunto.

    Por exemplo: uma pessoa pode ter crenças positivas sobre doar sangue e considerá-lo como um comportamento altruísta e benéfico. Essa mesma pessoa pode manter emoções negativas em relação à doar sangue pelo medo de agulhas.

Como esse conhecimento acadêmico pode ser aplicado na inclusão socioeconômica?

Cabe a reflexão: como a classe empresarial pode estimular atitudes positivas quanto à inclusão de pessoas com deficiência em ambientes de trabalho?

Qual é o papel do terceiro setor em difundir a necessidade de acolher a diversidade?

Afinal, organizações sociais que estimulam empresas a incluírem talentos diversos precisam saber como abordar o tema com esses mesmos empreendimentos.

Iniciar a abordagem e as negociações para verificar se o empresariado tem uma atitude bastante positiva (valência e intensidade) em relação à inclusão facilita a comunicação e a execução de projetos. Além disso, o terceiro setor deve saber avaliar se o empresariado está mais propenso a incluir talentos diversos por uma questão cognitiva (por exemplo: diversidade trazendo maior desempenho) ou emocional (incluir por uma questão ética e propósito empresarial). Definir a força é outro aspecto importante: assim, o terceiro setor consegue identificar se o empresariado têm atitudes duradouras e positivas sobre a inclusão, o que ajuda na abordagem.

Esse conhecimento tem implicações e utilidades no marketing e apresentações de ações do terceiro setor. Dessa forma, pitches relatando sobre um projeto de impacto poderão enfatizar os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência. Esse fato faz com que empresas “comprem” a ideia da organização social com maior facilidade.

Podemos citar o exemplo do projeto Jornada de Impacto: empresas só investem nessa solução se tiverem uma forte predisposição para construir um mundo mais inclusivo.

Referências:

TORRES, Ana Raquel Rosas; LIMA, Marcus Eugênio Oliveira; TECHIO, Elza Maria; CAMINO, Leoncio. Psicologia social : temas e teorias. 3. ed. São Paulo : Blucher, 2023.

https://dspace.unisa.br/items/70f385fe-2783-4bbc-89db-ec4586ff96a4

Sobre o autor:

Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!

 

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência.Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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