A ciência da inclusão #10 - Coluna de Felipe Emílio Gruetzmacher

O que falta para o mercado de trabalho incluir pessoas autistas?

Garantir a acessibilidade e a equidade no mercado de trabalho causa um impacto muito positivo para as pessoas com deficiência. Nesse sentido, este cenário requer adaptações e adequações específicas para receber pessoas autistas.

Uma das quebras de barreiras que deve acontecer é desfazer um mito muito persistente na mentalidade de algumas empresas. De acordo com o “Pequeno Guia para a inclusão de autistas no mercado de trabalho para organizações”, muitas pessoas acreditam erroneamente que pessoas autistas precisam sempre trabalhar em locais específicos. Eu sou um dos autores dessa cartilha, juntamente com Mariana Moreira Andrade e Ghael Henrique Leite.

Nós, os autores, desfazemos esse equívoco. Segundo nossa pesquisa presente na guia, é um erro acreditar que pessoas autistas apenas podem trabalhar em locais específicos. Pessoas autistas podem ter sucesso em uma variedade de ambientes de trabalho, desde que haja acessibilidade (universal e individualizada).

É imprescindível oferecer oportunidades e suporte adequado para que a pessoa alcance todo o potencial profissional dela.

Assim, há o termo hiperfoco: pessoas autistas podem focar intensamente em assuntos de interesses deles. O hiperfoco pode variar desde personagens de ficção até temas de natureza técnica.

Até mesmo existem casos de pessoas autistas com altas habilidades associadas com hiperfocos delas. Mesmo nesse caso, as organizações não devem explorar a pessoa autista, exigindo demandas excessivas e pressão. Habilidades devem ser valorizadas e nunca exploradas.

A partir desses insights e dessa problemática apresentada, cabe a pergunta: o que um homem autista com hiperfoco em trabalho pensa a respeito da nossa sociedade centrada em trabalho?

A magia da ficção científica como conexão entre inclusão e literatura

Eu, Felipe Emílio Gruetzmacher, escrevi um livro intitulado “O Relato de um Ciborgue” que tece críticas contundentes contra o excessivo trabalho em nossa sociedade.

Esse amor doentio por resultado a qualquer custo deve ser problematizado!

Cada capítulo é uma história independente, com começo, meio e fim. Apesar disso, todas as histórias vão girar em torno de um mesmo tema: uma tecnologia futurista que elimina a necessidade de dormir e descansar. Essa premissa abre espaço para pensar a nossa relação com o descanso e a nossa dedicação ao trabalho. Por conta disso, a premissa conversa diretamente com a aceitação e a inclusão de pessoas autistas no mercado, por exemplo.

O que me inspira a escrever sobre o tema é o fato de ser uma pessoa autista e fazer terapia. Em cada momento terapêutico, tive a oportunidade de lidar com questões relacionadas com o meu hiperfoco em trabalhar.

Repensar minha atitude em relação à profissão e às oportunidades para pessoas autistas no mercado me motivaram a escrever o livro. Quero causar um poderoso impacto no mundo com minha literatura.

Qual é a premissa do livro?

O meu livro “O Relato de um Ciborgue” traz breves contos de ficção científica sobre pessoas que não precisam mais dormir ou descansar. Elas usam uma sofisticada tecnologia para estar sempre em estado de alerta. Dessa forma, num mundo onde o sono se tornou coisa do passado, toda a rotina das pessoas é dedicada ao trabalho e à superação. 

Com essas histórias de ficção científica, planejo entregar uma reflexão crítica sobre o excesso de trabalho em nossa sociedade.

Essa crítica mais geral engloba uma variedade de assuntos como minha vida como pessoa autista, talento, propósito profissional, inclusão no mercado de trabalho, terapia, igualdade e equidade.

Com meu livro, quero atingir um público constituído por profissionais da área de psicopedagogia, psicologia, orientação de carreira, psiquiatria, pesquisa do tema autismo, empreendedorismo e área do RH.

Além de ser útil para pessoas com interesse em inclusão socioeconômica no geral.

Tem interesse na obra? Acesse o livro.

Que tal sonhar um um futuro melhor?

 A minha ficção científica funciona bem mais do que uma crítica e uma reflexão aprofundada sobre o papel do trabalho na sociedade.

Quero estimular meu público leitor a desenvolver uma visão crítica sobre a própria ciência. Até porque uma das funções da ficção científica é problematizar a relação entre ciência, sociedade e progresso.

A ficção científica, apesar do caráter ficcional, tem um jeito próprio de falar sobre o conhecimento científico. Ela combina um aspecto didático com um exame cuidadoso sobre muitas questões incômodas presentes na nossa vida social.

Assim, cada capítulo do livro é acompanhado de fundamentação acadêmica para que minha literatura possa ganhar profundidade.

Ou seja: além de apresentar narrativas ficcionais, acrescento uma conclusão no final de cada capítulo com base na ciência. Espero que minha literatura ative sua esperança num mundo melhor!

 

Sobre o autor:

Felipe Gruetzmacher é um escritor que acredita muito no potencial de combinar ciência, esforços empresariais e projetos sociais. Tem interesse em estudar como essas três partes podem colaborar entre si. Se você é algum empresário, organização do terceiro setor ou cientista e quer cocriar conosco, deixe seu comentário!

 

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência.Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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