Começamos a coluna especial da ASID Brasil sobre Inovação Social. Aqui, vamos conversar sobre processos, ferramentas e boas práticas de inovação social para a construção de uma sociedade inclusiva, sempre no contexto da pessoa com deficiência.
Na Coluna de novembro, Léo traz reflexões sobre o CAMP 2030, uma Laboratório de inovação vivenciado no mês de setembro em Nova York!
É possível mudar o mundo em uma semana?
E para nossa primeira reflexão, iniciamos com um grande desafio: é possível mudar o mundo em apenas uma semana? Não quero criar falsas expectativas, então já adianto que muito provavelmente não faremos isso neste curto espaço de tempo. Quando digo “mudar o mundo”, quero dizer resolver as várias contradições que observamos e sentimos, como desigualdades, situações de extrema vulnerabilidade socioeconômica, mudanças climáticas, entre tantas outras pautas sociais, econômicas e ambientais.
Muitas, ou talvez todas, se conectam com a principal atuação da ASID Brasil: a inclusão e diversidade. Além disso, estamos falando de problemas complexos que exigem soluções e articulações complexas. Podemos tomar como exemplo todo um histórico de lutas e conquistas por direitos, que caminham ao longo de séculos. Ou ainda a estruturação de agendas comuns, como a Agenda 2030 ao promover os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS – ONU), ou mais recentemente as discussões de uma cultura ESG, focada em negócios que sejam social e ambientalmente responsáveis. São milhares de pessoas discutindo essas pautas, avançando em muitas delas, mas talvez ainda distante de uma completa solução.
Essa foi uma provocação que chegou até mim no início de 2023. Recebemos o convite para participar em um laboratório de inovação social chamado Camp 2030. O convite, de uma organização social de Nova Iorque, nos Estados Unidos, chamada Unite 2030, foi direcionado para lideranças de todo o mundo e que teriam interesse em construir soluções conectadas com os ODS. Um grande desafio, mas que me deixou muito empolgado.
Diário de bordo de inovação social
Com apoio de toda a equipe da ASID Brasil, nos inscrevemos e fomos selecionados para o programa CAMP 2030. Ele aconteceu em setembro de 2023 durante cinco dias. Mais de 100 pessoas, representando 20 países, participaram neste evento.
Esse laboratório se baseia em metodologias de inovação social, ou seja, alguns processos para diagnosticar uma demanda social e, a partir desse contexto, gerar ideias e modelar uma solução. Seu ponto fundamental parte da identificação individual ou coletiva com uma demanda social e a construção de soluções a partir de trocas. E esse é um processo comum em nosso contexto de organizações sociais, mas que nem sempre está bem estruturado.
No primeiro dia de laboratório, fomos divididos em equipes. No meu caso, minha equipe era composta por mim, representando o Brasil, uma pessoa do Canadá, outra da Arábia Saudita e outra da Austrália. Além do desafio do idioma, tivemos que lidar com as diferenças culturais, de valores pessoais e das diferentes vivências individuais.
O cenário de diversidade também é comum em projetos sociais com os quais atuamos: equipes compostas por diferentes pessoas, diferentes partes interessadas no projeto, diferentes públicos que serão beneficiados por essas iniciativas. Assim, um pilar fundamental neste processo é a capacidade de lidar com diferenças, de acolher diferentes pontos de vista e mediar e construir novas ideias a partir dessa variedade de contextos.
A diversidade é fundamental para um processo de inovação. Apesar dessas diferenças, todas as pessoas tinham em comum a vontade de propor soluções e essa é a conexão fundamental. Nos dias seguintes, passamos por diferentes etapas no processo de inovação social:
O processo foi intenso e aprendemos que essa construção é cíclica, ou seja, avançamos, analisamos e, muito provavelmente, voltamos atrás para adequar nossa trajetória. Nessa jornada, há muitas trocas e aprendizados, mas também há muitos conflitos que precisam ser contornados.
Ao final dos cinco dias, encerramos o processo com a entrega de nosso plano de ação após apresentá-lo a uma banca. O sexto dia foi o encerramento do evento, onde todas as pessoas participantes se reuniram em um teatro na cidade de Nova Iorque e onde seriam anunciadas as soluções finalistas em cada ODS. Nesse momento, fomos surpreendidos com o anúncio de que nossa equipe foi uma das finalistas.
Esse foi um reconhecimento muito importante e gratificante! Mas o principal ponto com o qual podemos aprender aqui é a experiência de construir coletivamente. Em cinco dias, com pessoas de diferentes partes do mundo, que acabaram de se conhecer, conseguimos estabelecer uma comunicação e um alinhamento para um objetivo comum. Nesse laboratório, passar pelo processo de inovação era o grande objetivo. As soluções criadas demandam, claro, de um aprofundamento. Esse trabalho, se for continuado, é um processo de meses, talvez anos.
Assim, podemos pensar juntos em nosso contexto em organizações sociais: como você está construindo coletivamente com suas equipes? Qual o nível de atenção que você está dando para a compreensão do contexto local, das necessidades dos públicos que você busca beneficiar? E qual o nível de participação deste público na construção das soluções com você?
O processo de inovação social é um processo coletivo.
E vamos detalhar mais ainda esses passos para que, juntos, possamos ampliar nossos resultados e impacto. Nos próximos textos, vamos trazer exemplos, boas práticas, ferramentas e outras provocações sobre impacto social. Essa discussão já começou na Comunidade Conexões da ASID Brasil, com a Oficina de Inovação Social. Nossa Comunidade é gratuita e você acessa os materiais e gravação gratuitamente. Saiba mais e faça parte: https://asidbrasil.org.br/para-organizacoes
De fato, não vamos conseguir mudar o mundo em uma semana, mas nesse período, certamente podemos acender a faísca para uma grande e coletiva transformação.
Leonardo Mesquita
ASID Brasil 2023
Sobre o autor:
Leonardo Mesquita é especialista em Gestão de Projetos Sociais e certificado em Lideranças de Inovações Sociais. É graduado em Engenharia de Computação e há 7 anos atua na ASID Brasil, liderando articulações de comunidades e processos de inovação social dentro da causa da pessoa com deficiência. Já esteve envolvido na coordenação de programas de voluntariado. Léo escreve sobre inovação social, ODS e como conectamos essas pautas com a causa da pessoa com deficiência.
Sobre a ASID Brasil:
A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência. Através dos pitches e pesquisas, a ASID Brasil entende melhor o cenário para oferecer sempre uma solução bem segmentada e focada nas dores dos beneficiários. Nossa literatura é uma forma de inovação social e bom uso de informações e dados para impactar o ecossistema de inclusão. Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.
Existimos para quebrar as barreiras socioeconômicas que excluem a pessoa com deficiência.
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