A inclusão de PcD no trabalho como uma inspiração a todos
A inclusão de PcD (pessoas com deficiência) no mercado de trabalho é uma realidade cada vez maior no país. E o Vacaciones Solidárias, um programa de voluntariado da Fundação Telefônica Vivo, fez essa inclusão acontecer. Neste programa, os colaboradores do Grupo Telefônica doaram 15 dias de suas férias em colaboração com ações sociais e educativas ao redor do mundo.
Uma das edições do programa ocorreu na Escola Especializada Primavera, e contou com a participação de 13 voluntários de 7 países: Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, França e Venezuela.
A Escola Primavera, fundada em 1971, atende 160 alunos com deficiência intelectual leve e moderada em Curitiba.
Contexto e etapas
O primeiro passo envolveu uma capacitação de Design Thinking para os voluntários desenvolverem a parte de escuta ativa. Dessa forma, os voluntários realizaram entrevistas e fizeram observações principalmente nas oficinas da escola, com o objetivo de entenderem melhor a problemática e criarem um plano de ação nas reais dores da instituição de ensino.
Os voluntários foram convidados a prestar atenção em como a escola trabalhava o tema inclusão. Para isso, frequentaram as oficinas para entender qual era a estrutura por trás do processo de entrada do aluno no mercado de trabalho e em como a escola fazia essa comunicação com a empresa. Eles também conversaram com a diretora, terapeuta ocupacional, assistente social e com um aluno para saber qual era a sua visão de entrada no mercado de trabalho. Em seguida, entrevistaram uma empresa que já empregou 10 alunos da Primavera.
Em resumo, perceberam se tratar de uma mudança de cultura. De maneira que a escola precisava sair de um modelo estritamente pedagógico para um modelo de ensino mais profissional e corporativo. Assim, surgiu a ideia de criar um clube voltado para os alunos que já estavam incluídos no mercado de trabalho e para estimular outros alunos a trabalharem.
Neste sentido através de um brainstorm com as professoras da escola o nome definido para o clube foi “Feras da Primavera”. Ficou definido então um modelo de trabalho e um fluxo de entrada de alunos neste clube.

Entregas do programa
- Mapeamento de competências para inclusão: com feedback das professoras os voluntários criaram cinco categorias de competências. De forma que essas categorias devem ser avaliadas pelas professoras dos alunos para acompanhar o desenvolvimento dos mesmos. Para assim garantir que a escola valorize os alunos que demonstram crescimento no seu desempenho e se esforçam nas atividades.
- Modelo de Curriculum Vitae: foi construído um currículo padrão da Escola Primavera para os alunos prontos para entrarem no mercado de trabalho. Ou seja, para que fossem bem apresentados nas empresas, com sua descrição de personalidade e competências.
- Regimento do Clube de Feras da Primavera: os voluntários fizeram um regimento definindo quem faria parte do comitê de avaliação dos alunos que passassem a fazer parte do clube, a função de cada profissional, a periodicidade dos encontros e as possibilidades de atuação.
- Painel “Feras da Primavera”: foi construído junto com os alunos da oficina de mosaico um painel escrito “Feras da Primavera”. Em volta do painel foram colocadas fotos dos alunos que já estão no mercado de trabalho. A escola ficou responsável por alimentar o painel com fotos dos alunos que forem bem avaliados na avaliação de competências.
- Entrega de camiseta e lenços: foram entregues aos alunos camisetas confeccionadas na oficina de estamparia com a marca Feras da Primavera. Além disso, os estudantes que já trabalham receberam uma cor de lenço e os aspirantes a trabalhar ganharam um de outra cor.
- Mudança do nome “oficina” que passaram a se chamar unidades de produção: além da mudança do nome, foi incentivado que as professoras se vissem mais no papel de coaching do que de educadora.
Legado
O programa deixou um grande legado quanto a inclusão de PcD para a Escola Primavera, pois os voluntários plantaram uma semente de mudança e impulsionaram o começo de uma grande transformação em como a escola se vê e em como vende sua imagem. E também nos alunos, que passaram a se enxergar como capazes de entrar no mercado de trabalho e nas famílias acreditando no seu potencial.
A interação com os alunos da Escola Primavera foi bastante rica desde o começo. Os voluntários tiveram momentos de gincana, show de talentos, um passeio pelo Mercado Municipal de Curitiba, além dos intervalos dos alunos que de forma espontânea, em diversos momentos, estavam conversando, brincando e dançando.
Os almoços também eram importantes para gerar a interação com alunos e funcionários da escola. Todos os membros da comunidade escolar de alguma maneira foram impactados com a presença dos voluntários. Muitos criaram vínculos de amizades com alguns dos alunos e com certeza saíram dessa experiência muito mais conectados com a causa da pessoa com deficiência intelectual.
Resultados do programa
- 1.040 horas de trabalho voluntário.
- 13 voluntários.
- 7 países.
- Entrega dos resultados previstos: 80%.
- Satisfação dos gestores da Escola Primavera: 10.
Recebemos a proposta de ajudar a escola com o tema de inclusão de PCD e logo percebemos que era um campo vasto para análises, muitas oportunidades e ideias e pouquíssimo tempo para desenvolvermos tudo o que queríamos. Percebi que a ideia não era implementarmos algo grandioso, mas, sim, algo que fizessem os envolvidos enxergarem de outra forma o cotidiano na escola, as relações internas e as atividades. E, por fim, antes de irmos embora, a sensação de dever cumprido, seguido dos agradecimentos da Escola e o orgulho no olhar dos alunos. O sentimento que emanava em todos nós (até este presente momento) era e é: gratidão.
Jamilly C. Herculano, voluntária da Fundação Telefônica Vivo Brasil
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